O futuro do União Barbarense está nas mãos do advogado Regis Godoy

Com a decisão da juíza trabalhista que aceitou uma proposta de R$ 11 milhões de dois empresários americanenses, o União Barbarense corre o risco de perder o seu patrimônio- estádio e área social, devido a dívidas trabalhistas contraídas por ex- administrações do clube . Tudo está nas mãos do diretor jurídico do clube centenário, Regis Godoy. O jornal Diário entrevistou o advogado sobre o assunto.

O que o doutor achou da proposta de 11 milhões apresentada por empresários de Americana  ?

Na verdade não achei justa com relação ao patrimônio do clube. Entretanto, existe essa regra no edital do leilão caso não aparecesse uma proposta melhor, a Juíza Titular da Vara do Trabalho de Santa Bárbara d’ Oeste, Dra. Mari Angela Pelegrini, poderia analisar e aprovar uma proposta abaixo do valor mínimo do bem, que é de R$ 18.500.000,00, até o limite mínimo de 30%, o que de fato aconteceu. Como todos sabem, estamos questionando o valor desde o início do processo para que fosse realizada uma nova avaliação mais atualizada do patrimônio clube. Existe recurso em aberto sobre o tema, e estamos confiantes no sucesso.

E sobre a decisão da juíza de aceitar a proposta ?

A Dra. Maria Angela aceitou a proposta, entretanto, suspendeu os efeitos da proposta atendendo um pedido da própria empresa, que alegou em decorrência de ter tido conhecimento do recurso impetrado pelo clube, e que ainda não houve julgamento e que não há prazo para que tudo seja resolvido. No momento a empresa requereu a suspensão da proposta, o que foi acatado pela Juíza.

Como o União irá recorrer? Quais os  próximos

 passos desse caso ?

Mesmo com a suspensão da proposta requerida pela empresa, e acatada pela Dra. Maria Angela, preventivamente, o clube irá impugnar essa decisão com novo recurso, já que o valor, em nosso entender, essa muito abaixo do real valor imobiliário do patrimônio do clube.

União pode mesmo perder seu estádio e área social já ?

Neste momento não há qualquer hipótese do clube perder o seu patrimônio antes da finalização de todos os recursos que estão tramitando, bem como os novos que eventualmente entraremos. Entretanto, não há como omitir de todos que se não houver outra solução, cedo ou tarde, a arrematação do patrimônio do clube se concretizará.

A situação é difícil ?

A situação é muito complicada. São inúmeras as dívidas que foram se acumulando, principalmente na última década, que levaram o clube a situação atual.

O que o torcedor unionista pode esperar da justiça ?

Confio muito na justiça, não podemos transferir a responsabilidade dos erros do passado para a Vara do Trabalho de Santa Bárbara d’ Oeste, pelo simples fato de estar conduzindo o processo de leilão da propriedade do clube. A Dra. Mari Angela está fazendo o seu trabalho, o nosso, é tentar diminuir o máximo de prejuízo para o clube, pagando os seus credores de forma justa. Na verdade, ambos querem a mesma coisa, resolver a situação de todos os envolvidos de forma igualitária.

Porque com outros clubes que estão em situação, bem pior que o União, isso não acontece ?

É uma pergunta complexa. Cada clube tem o seu problema pontual, mas muito semelhantes entre si: a falta de dinheiro e a má gestão dos dirigentes que vão empurrando os problemas para frente, varrendo-os por debaixo do tapete e torcendo para os terceiros resolverem de alguma forma. Essa fórmula de gestão é e sempre será fadada ao fracasso.

Um dos principais problemas, e que nós convivemos, foi a falta de recursos para pagamento do piloto trabalhista, que reúne inúmeros processos em uma mesma fase, quando não há mais qualquer recurso a ser interposto. Quando um clube, apesar da dificuldade, continua pagando mensalmente um valor junto ao piloto trabalhista, dificilmente um Juízo toma atitude de acelerar a venda de um clube, inviabilizando-o. Quando não temos condições de manter qualquer valor mensal, que é o nosso caso atualmente, é normal que o Juízo responsável tenha que tomar uma atitude mais drástica, mesmo não querendo.

Como advogado, como o sr vê esse problema ?

Vejo como consequência, somente. Um clube não pode esquecer de uma dívida somente porque está “organizada” em um piloto trabalhista. O gestor tem que pensar no presente, mas principalmente não esquecer do passado, porque isso inevitavelmente vai influenciar no seu futuro, porque a conta sempre chega.

Os verdadeiros culpados dessa situação de dívida trabalhista nunca serão punidos ?

É muito complicado. Não há previsão no estatuto do clube de eventual reparação de danos, o que também teria que cumulativamente prova de má fé dos gestores para eventual tentativa de reparação de danos junto a justiça. Existe o Conselho Administrativo e Fiscal (CAF) que precisa ser melhor estruturado, com participação mais ativa dos sócios na fiscalização e aprovação das contas dos presidentes. O Clube também precisa de uma reestruturação administrava em seu estatuto para transformar a gestão, profissionalizando e responsabilizando todos os seus atos.

O atual Presidente, Daniel (Gordo), está demonstrando na administração da parte social, recuperando a estrutura física com muita vontade e determinação, que tudo pode mudar, nos dando esperança de que também no futebol, com uma gestão profissional e com projeto sério, o nosso Leão da Treze volte a ser referência em nossa região.